my cello dream

The Cello Player, Thomas Eakins, 1896 (óleo sobre tela)

a música me acompanha, ou melhor, eu acompanho a música desde um tempo que nem lembro. sei que faz muitos anos. minha veia musical certamente veio da minha mãe. nosso gosto é até parecido. contudo, eu me aprofundo mais que ela em novidades e também em "estilos" tradicionais do passado.

existe um segmento da música que não é um gosto tão comum de conhecidos meus, mas eu o considero o mais brilhante de todos. a música erudita ou sendo mais abrangente, a música clássica, desde uma peça para piano até uma ópera, chama tanto minha atenção pela sua poesia com as notas, pelos variados sentimentos que ela desperta, pela complexidade e por motivos ainda não determinados.

algumas pessoas sabem da minha ligação com a música. além de cantar na IASD, seja solo ou com o Cálamo, canto no CORUFS (Coral da Universidade Federal de Sergipe) e já participei do Coro da ORSSE em sua primeira formação. e foi após o ingresso neste último que meu interesse por esse tipo de música se intensificou. há cerca de dois anos, acompanho regularmente os concertos realizados no Teatro Tobias Barreto e, além disso, sigo o blog da Laura Morena – já citado aqui anteriormente e marcado na aba lateral –, que é um grande fornecedor de informações sobre música erudita e músicos renomados, principalmente pianistas, por ela também ser uma.

The Cello Dream, Eyob Mergia, 2009 (óleo sobre tela)

na infância, estudei música por quatro anos no Conservatório de Música de Sergipe – já havia falado um pouco sobre isso em um post no meu tumblr. além da flauta doce – que eu acredito ser o primeiro instrumento de um iniciante no estudo musical –, tive aula de piano e, no último ano, iniciei o curso de clarinete, embora não tenha levado adiante. interrompi os estudos, mas sempre tive vontade de retomá-los.  porém, por todo esse tempo que estive estagnado nesse aspecto ser levado em conta, meu interesse de certa forma diminuiu por um longo período... mas já está revigorado! pelo aumento do meu contato com a música nesse âmbito e com pessoas que compartilham dos mesmos interesses, esse anseio de continuar a aprender e me desenvolver nessa área cresceu. ocorreu uma mudança na escolha do instrumento. o clarinete, confesso, nunca foi do meu agrado. estava sem alternativa quando optei por estudá-lo. com o tempo, descobri que minha paixão está no calor da madeira, na vibração de quatro cordas e no atrito de um arco nessas cordas. falo do violoncelo. todavia o piano, que foi o primeiro, continua a ter seu amplo espaço em minha vida. para ser franco, ele é, a meu ver, insuperável!

Cello, Marcone Santos, 2011

quem me conhece de uma maneira mais específica, sabe o desejo que tenho de tocar esse instrumento pintado acima de som aveludado, intenso e distinto. não sei ao certo explicar o porquê dessa escolha. sei apenas que ela surgiu aos poucos. quando percebi, já estava apaixonado. ele não é tão grande e grave quanto o baixo acústico, nem pequeno para ser apoiado no ombro e agudo como o violino; é o equilíbrio perfeito que me conquistou.

abaixo, incorporei um vídeo do cellista Steven Sharp Nelson. a peça é a mais famosa para solo de violoncelo: o Prelúdio da Suite No. 1 em Sol maior de J. S. Bach, BWV 1007. originalmente, essa peça de 1720 foi escrita para apenas um cello, mas Steven criou um arranjo para oito cellos. é uma leitura contemporânea dessa obra barroca. o músico apresenta muita técnica em sua execução e criatividade. The Piano Guys é um canal do youtube do qual ele faz parte. nele você encontra versões de várias músicas atuais conhecidas com vídeos muito bem produzidos.

abaixo, uma versão mais fiel da peça interpretada por Bruno Cocset que segundo informações do site pqpbach.opensadorselvagem.org é uma das melhores gravações dela.

"Bruno Cocset não é apenas um violoncelista especializado no barroco que interpreta as suítes com um senso de estilo claro e definido. Sua gravação, realizada para a maravilhosa Alpha - que lhe fez uma belíssima caixa - tem algumas novidades que julgo muito boas. Não tenho condições de avaliar a utilização da corda mais alta estar afinada para sol em vez de lá na Quinta Suíte, nem da Sexta Suíte possuir uma quinta corda afinada para mi adicionada às quatro cordas habituais do cello (são exigências do compositor que Cocset obedeceu e não creio que outros além de Bylsma o tenham feito). O que me interessa é a tomada do som. Cada suíte foi gravada continuamente, sem interrupções, como num concerto. Cocset pensou que isso daria maior integridade à execução. Funcionou! Não houve correções e nós ouvimos alguns sons de marcenaria que a mim não incomodam nem um pouco. Até pelo contrário, gosto muito e o resultado é um ambiente de concerto que me deixa meio hipnotizado. Bom, opiniões…

O registro foi gravado em outubro de 2001 em Paris, na Chapelle de l`Hôpital Notre-Dame de Bon Secours . E é arrepiante de cabo a rabo." (trecho extraído daqui)

deleite-se!

A primeira página do manuscrito por Anna Magdalena Bach.