terça-feira, 24 de janeiro de 2012

pelo desprazer de reencontrá-la

já fazia um bom tempo que nós não nos encontrávamos. apenas comentara dela um dia antes de seu aparecimento com um amigo. de minha parte, nunca houve interesse explícito que isso acontecesse. mas, infelizmente, desde quando eu nem lembro, sempre convivemos por alguns dias várias vezes, durante todos esses anos de existência - cerca de 21 anos e meio. ela é mais velha. nem sei sua idade. é conhecida de vários conhecidos e desconhecidos. certamente, não é querida por ninguém. ela é daquelas que chegam sem avisar; quando menos se espera, quando não se está preparado. de fato, há como evitar sua presença. o convite é indireto, posso assim dizer. na verdade, ela sabe quando pode surgir. às vezes, é um amigo seu que lhe apresenta a ela. vocês têm um breve contato - o que já é suficiente para que ela se sinta bem-vinda.

dois dias depois ela reapareceu (e é bom deixar claro que foi super inconveniente no horário: pouco depois de o relógio reiniciar sua contagem de horas). como se não bastasse, dormiu aqui, no meu quarto, na minha própria cama, dividindo o travesseiro comigo, mas só me dei conta disso quando acordei. não foi nada agradável ter sua companhia. passei o dia incomodado. tentei ignorá-la. por alguns instantes ela desaparecia, mas logo tornava a me cutucar e lembrava-me de que ainda estava ali.

já era tarde (ou cedo) quando ela adormeceu. já era o outro dia. e antes dela, fui eu quem adormeceu. acordei e voltei às 3 da manhã pra casa. achei que ela tinha ficado por lá. na verdade, nem lembro. devia estar muito sonolento e fatigado de sua companhia importuna. dormi. acordei sufocado... por ela, que pesava sobre meu peito e dificultava o respirar.

bem, ela ainda está aqui. faz 3 dias, hoje, desde que chegou. por ela fico com um aspecto abatido, doentio, indisposto, sem apetite. não vejo a hora de ela ir embora. e que não volte tão cedo. queria trocar as duas últimas palavras da oração anterior por "nunca", mas seria prepotência imperar isso. se ordenar sua ida bastasse, já teria gritado algumas palavras como: "deixe-me em paz!", "eu te odeio!", "suma da minha vida!" etc. mas, querendo ou não, eu permiti que ela viesse e permanecesse comigo todas as vezes que dormi tarde (como hoje ou pior) e não me protegi do frio, que não comi o desjejum, que ingeri açúcar em seus mais diversos disfarces e até quando tomei açaí à noite.

tudo fará mais sentido quando eu disser de quem tenho falado. e tenho certeza de que você concordará comigo sobre o desprazer de reencontrá-la, a insuportável e velha gripe. ATCHIM!

4 comentários:

  1. Respostas
    1. hahaha amém!!! estava esperando o primeiro educado. rs obrigado, primo.

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  2. Um romance lindo de se ler, apesar de doloroso e indesejado. Mas quem disse que o amor é uma escolha, muitas vezes ele nos traz dor.

    ;)
    Adorei mesmo !

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